sábado, 31 de maio de 2008

Tudo é melhor que cinzento

Olho pela janela e vejo, novamente, as bandeiras nacionais nas fachadas das casas. A febre pela Selecção voltou!

Confesso que também eu sou uma adepta convicta da equipa das quinas: já tenho cachecol, bandeira (desta vez não na janela... ordens superiores!), calendário dos jogos à mão e alguma ansiedade e esperança num bom percurso. Muitos criticam esta euforia colectiva que se gera à volta do fuebol. Compreendo. Mas... e qual é o mal?

- O país tem problemas mais sérios. - dizem alguns.

É verdade.

- Os portugueses deviam era perder tempo com outras coisas!

É possível.

- Portugal não é só futebol.

Concordo plenamente.

Mas continuo a perguntar eu:

- E qual é o mal?

Como já deu para perceber, sou totalmente da opinião que Portugal é muito mais que a famosa realidade dos "três F": futebol, fado e Fátima. Revolta-me os milhões que se gastam em futebol quando há portugueses a viver em barracas e a morrerem por não terem assistência médica rápida e eficaz. Lamento que os portugueses só se unam em torno deste desporto e esqueçam todas as outras situações, muitas delas de crise, que o país atravessa. Penso tudo isto.

Mas volto a perguntar:

- E qual é o mal?

Sim... porque, apesar de tudo o que já disse anteriormente, também não vejo mal nenhum em ver um pouco mais de alegria neste país cinzentão. É bonito ver os portugueses a gritarem pela mesma causa, pelas mesma convicções, pelo orgulho nacional. E é bonito porque isso é uma demonstração que nós somos capazes de ir mais longe, que somos capazes de nos unir quando isso é necessário.

Viram o programa "Dança comigo especial" no último fim-de-semama? Afinal os portugueses não lutam juntos só pelo futebol. 360 mil Euros direitinhos para os centros de investigação dos IPOs do Porto, Lisboa e Coimbra! Não é um orgulho?

Ora, o que estou a tentar dizer, é que a euforia em torno da selecção nacional pode ser um ensaio para outras causas, igualmente viciantes.

E um pouco de alegria nunca fez mal a ninguém!

É bonito ver Portugal inundado de verde e vermelho (mais verde do que vermelho, espero eu!). Afinal, tudo é melhor que cinzento.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Pensar...

- Como vai isso?
- Mal.
- Mal de quê?
- Se vai mal, porquê acrescentar-lhe ainda uma razão para ir pior?

Vergílio Ferreira. Pensar
Nunca devemos piorar as coisas... o tempo passa e o "mal" deixa de ser tão negro e uns toques de cor-de-laranja começam a surgir! Tenho dito!

quinta-feira, 15 de maio de 2008

A felicidade exige valentia



"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."



Fernando Pessoa


Faço minhas as suas (sábias) palavras...


sexta-feira, 2 de maio de 2008

Dobrar a esquina?

Hoje dei por mim a pensar de onde vem a expressão "dobrar a esquina". Poderão pensar que é uma tremenda perda de tempo... mas não! Reparem: eu não posso dobrar uma coisa que já é dobrada!! Quanto muito, posso contornar uma esquina!
E qual é a magia de dobrá-la? Contorná-la?
É que nunca sabemos o que vamos encontrar do outro lado... muitas vezes ficamos com receio de continuar o nosso caminho porque, em frente, existe uma grande esquina que esconde o resto do nosso percurso. De facto, podemos voltar para trás ou pura e simplesmente parar onde estamos. E não ficaremos todo o tempo a pensar no que estaria do lado de lá?
Há uma semana atrás aconteceu-me algo similar. Fui passar uns dias à Madeira (eu sei... neste momento estão a pensar "que sorte"!). Pela primeira vez ganhei coragem para fazer uma levada (percursos pela natureza acompanhando os cursos de água). Até aqui nada de mais. Claro que era um percurso de alguns quilómetros e, como seria de esperar, depois de mais de uma hora de caminho, comecei a sentir o peso da idade (ok... o peso da falta de exercíco). Comecei a pensar que teria que fazer todo aquele percurso novamente para regressar. E pensei: "Que tal voltar já para trás? Já tive a experiência, já vi belíssimas paisagens... não falta mais nada!"
De repente, vislumbrei (ui!!) uma espécie de esquina....
Hum... o que será que encontro ao "dobrar a esquina"? (desisto... mesmo sem nexo a expressão é gira!).
E então decidi andar mais uns metros....


E ao dobrar da esquina... encontrei o paraíso!!