quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Quando já não houver ninguém chamem-me

Todos nós já oferecemos um jantar ou organizámos uma festa em nossas casas. Se tal nunca aconteceu, certamente já fomos nós convidados de alguém. E qual o ritual nestas alturas? Limpa-se a casa, compram-se flores, acende-se umas velas... Fica-se à espera que tudo esteja perfeito para quando as pessoas chegarem.
-"O que dirão todos?"
Entretanto os convidados chegam. Entram inibidos, em silêncio e em marcha lenta. Olham em redor e reparam nas pessoas que já lá estão.
-"Será que já me viram?"
Encaminham-se para um canto, juntam as mãos ou cruzam os braços e observam as fotografias expostas. Observam tudo o que está ao lado e comparam todos os objectos expostos com os seus próprios.
Entretanto, outras pessoas se aproximam. Cumprimentam-se formalmente. A dada altura estão todos a ouvir os comentários dos convidados ao lado.
-"Olha para isto! Só material bom!"
-"Bem que podiam pôr uns arranjos mais bonitos e maiores!"
Quando damos por nós, já estamos saturados de ali estar e até já esquecemos o objectivo principal daquela festa. Já não aguentamos aquelas conversas sempre iguais e os olhares curiosos na nossa direcção.
-"É assim. Todos viremos aqui parar!"...
Esta semana foi dia 1 de Novembro. E tudo isto aconteceu.
Esta semana foi dia 1 de Novembro e eu não saí de casa. Há certas festas, em que eu não gosto de participar.
Fiquei em casa a pensar e relembrar os convidados de honra. Quando já não houver ninguém chamam-se e, aí sim, eu vou acender uma vela e ajeitar as flores...