8760 horas

Ano novo, vida nova...

Será mesmo? Afinal dei 17 dias de tolerância e nenhuma modificação (boa!) aconteceu na minha vida... parece-me que andam por aí a fazer publicidade enganosa...

E já a prever que a mudança de ano, afinal, não passa do simples gesto de mudar a folha do calendário, desta vez também não fiz lista nenhuma de resoluções para 2009.

Hum... a não ser que conseguir ler todos os livros que tenho em lista de espera, seja considerada uma resolução!

Já consegui acabar o 2º livro da trilogia do Senhor dos Anéis e já vou quase a meio do Livro de Crónicas do António Lobo Antunes (parece-me que só vou na página 30 e tal, mas assim sempre me dá alento para continuar nesta maratona literária).

Mas ainda tenho A vida num sopro e A fórmula de Deus do José Rodrigues dos Santos, Porque congelam os pinguins?, Onde reside o amor da Margarida Rebelo Pinto, Cem anos de solidão do Gabriel García Marques, Venenos de Deus, remédios do diabo de Mia Couto, o 3º livro do Senhor dos Anéis e, claro, mais uns 20 livros (e aqui não estou a exagerar!) que estão dentro da estante e que não tive coragem (ainda!) de ir espreitar...

Árdua tarefa a minha! Não por ser um sacrifício ler (muito pelo contrário) mas por pensar que já só tenho 348 dias para o fazer!!!

O que vale, é que a seguir, volta-se a virar a folha do calendário e lá vêm mais 365 dias ou 8760 horas (asim parece mais!) para o fazer...

E eu que hoje caí na neve?!?!

Ela é fria, professora!

Tudo levava a crer que o dia de ontem iria ser igual a tantas outras 6ª-feiras... levantar, tomar banho, tomar o pequeno almoço, conduzir até à escola e pensar "quem dera agora ir dar Matemática ou Ciências, em vez de Área de Projecto"... enfim... o costume.

Cheguei à escola já com a notícia de que nevava em algumas zonas do país. Olhei para o céu e achei que também ali iria nevar... mas no Porto?? Peguei no livro de ponto, disse bom-dia a uns quantos alunos que passavam por mim, até que...

"NEVE!!!!!!!" - gritavam quase em uníssono.

Pois é... estava a nevar na zona do Porto. Para mim nevar não é grande novidade, afinal Lamego, volta e meia, tem a visita da neve, mas ver miúdos em êxtase a olhar para o céu, a gritar porque nunca tinham visto a nevar, é qualquer coisa de fabuloso!

Claro que, como professora atenta que sou (tenho que valorizar o meu trabalho! Pode ser que alguém do Ministério acompanhe o meu blog e permita que eu fique excluída das cotas da avaliação...), deixei os meus alunos correrem e saltarem na neve durante um bom bocado. Foi o delírio!

Ora... mas as coisas iriam mudar. O resto do dia foi passado em telefonemas a saber da situação das estradas e a conclusão era só uma: tinha que ficar no Porto!

-"R'ais parta a sorte! Mais um dia no Porto." Eu sinto-me muito bem lá, mas a sensação de querer ir passar o fim-de-semana a casa e não poder não é muito agradável.

Esperei por Sábado. Mas de carro, nem pensar. Combóio e táxi foram a solução.

Cheguei a Lamego já no início da tarde, mas o cenário que encontrei valeu todo o sacrifício! Aos anos que não nevava com aquela intensidade.

Um tapete branco, lisinho, à espera de ser calcado por mim. E ontem disseram-me que foi muito melhor (ou pior consoante a visão!).

Vesti-me a rigor e lá fui eu armada em miúda passear pela neve. Aquele barulho do calcar da neve trouxe-me à memória muitas sensações da minha infância. E então percebi a alegria do olhar dos meus alunos no dia anterior e os comentários surpreendentes de alguns deles:

-"Ela é fria, professora!"

E não é que, talvez pela primeira vez, eu senti-me bem no frio?